sábado, 29 de setembro de 2012


(Último capitulo de Cavernas da Solidão)     Carta de Roberta para seu esposo:

 

Fendrue Austen

 

            Certa vez disse-lhe que quando uma página estivesse virada esta ficaria assim para sempre. não é meu desejo que se amargure com sua vida e com esta afirmação.

          Não sou mais sua criança roberta, não faço mais parte de uma de suas posses. Sou como você, uma cidadã do mundo, uma viajante, ou um náufrago de mim mesma.

          Escreverei muitas cartas e em sua maioria não terá seu conhecimento. Jamais saberá meu paradeiro, se estou viva, se estou morta, não saberás de nada mais sobre mim meu amor.

          Porque guardou tamanha certeza de que ficaria neste condado a esperar-te como fiquei? E como sabia que não poderia revoltar-me e deixar-te para sempre? O que passava em sua mente em todos os instantes em que imaginava minha figura na casa da encosta, em nossos aposentos ou no templo Fendrue?

          Que tamanho ódio em seu coração o fez esquecer-se que possuo uma alma dependente do alento de seu próprio espírito. Talvez que se alimentasse do seu sangue e do seu cerne?

          Em algum momento descobri-me cansada de tantas dúvidas, de querer analisar seu comportamento frio, doente e desprendido ao deixar-me em um lugar desconhecido e com as engrenagens de uma fábrica nas mãos.

          A vergonha esta estampada na sua face a cada vez que olho em seus olhos. Esta me aniquilando, me tira o sopro de vida e meu próprio sangue nas veias tornando impossível a possibilidade de permanecer ao seu lado em Munksund, me senti assim em outros tempos e não quero que nada em minha existência se repita.

          Um dia pensará em suas atitudes, no que fez a mim, aquela que te amou pela primeira vez que amou um homem. E que todo tempo você soube que nunca fui e nunca serei uma mulher comum. Pensará principalmente Fendrue Austen no que fez a si mesmo, quando então perceber que não me verá tão cedo.

          Seus amigos não são mais os mesmos e também aprenderam como eu a não pensar em seu retorno. Fiz seu irmão pagar por cada dia de sua distância e o fiz degustar da sua certeza de que seria seu amante e não sentiria falta de mais nada em minha vida.

          Frederick sofreu assim como eu, e se não tivesse me encontrado na caverna, quando ali foi aos prantos em sua ira contra os deuses reclamar por minha vida, não estaria neste momento escrevendo-te estas linhas horríveis, as mais horríveis que poderei escrever em toda a minha eternidade.

          Por dias permaneci inconsciente, após três semanas sem comida e água seu irmão encontrou-me e salvou-me, a meu corpo, afinal meu espírito se encontrava distante a muito tempo.

          Não me interessa saber de suas histórias, de suas viajens e aventuras. Poupe suas energias e conte-as a seus amigos e irmãos de senda. Afinal jamais poderiam servir-me como explicação, tão pouco o fato de não tomar nenhuma mulher nos braços serviria como um pedido de desculpas pelos danos que sofri.

          Meu destino me espera, o mundo, o aprendizado e a própria vida.

 

 

 

 

 

 

 

 

OBS: {Escolher um momento bem especial em que Roberta e Fendrue se encontrarão na Inglaterra após o término do Livro A Cidade dos Vampiros. Antes de ser preso Fendrue encontrará Roberta em uma reunião da Ordem Oculta Luz Sabá que Roberta fundará com Bárbara e os atores de teatro. Ele estará sozinho com a compania apenas de Wiolle. Será um dos momentos mais bonitos da série quando ela inexperadamente abrir a porta e deparar-se com ele sentado na cabeçeira da mesa de reuniões. Ela adentrará a casa como um homem. Depois desse encontro eles passarão dias intensos de amor e ele será preso e acusado de organizador de turbas e mandante do assalto a mansão de Glass Glary pois ele terá sido reconhecido pelo dono da casa pois foi o unico que não cobriu seu rosto. será condenado a pena de morte, Roberta estará em seu julgamento e será obrigada a testemunhar contra ele para não ser presa. Josué, um dos atores se disfarçará de plesbítero e adentrará na prisão uma vez por semana para que Fendrue se confesse. Ele articulara um plano para que Fendrue seja resgatado e todos irão na prisão para soltá-lo. Wiolle, Demitre, Albert, Wiolle, Wolles, Frederick e Harber. Broteny, Edizar e Ivensan ficaram em Munksund para cuidar da fábrica.

Roberta durante a fuga matará pela segunda vez e Fendrue durante sua prisão por legítima defesa também matará um homem pela primeira vez. Depois de ser resgatado Roberta segue sem ele rumo a Nova Inglaterra para buscar Rose.

Este será o inicio do livro As Rosas de Sabá.

Neste livro vou procurar fazer algumas narrações em que Fendrue terá uma parte maior de ação no conflito, em que por exemplo a narração saia por alguns capitulos da narração na primeira pessoa para poder descrever os passos derradeiros de Fendrue antes de sua prisão. Pode ser em seu início antes da Roberta passar pelos portões de Londres em seu retorno da Áustria.

Quero que no inicio deste livro As Rosas de Sabá  Fendrue crie um peso maior que os demais personagens, que ele por exemplo seja o personagem principal mesmo que não seja tão frequente o seu aparecimento nos capitulos.

*Primeiro capitulo, Fendrue chegará na Inglaterra com Wiolle e os rapazes, pesquisar os acontecimentos políticos mais inflamados na Inglaterra nesta época em que ele será uma peça central e importante. Destacar também o encontro com Bárbara e a reunião que será marcada para que o sacerdote maior Fendrue fosse apresentado aos demais.

O motivo para que Fendrue retornasse a Inglaterra seria que Wiolle quando chegou na Suécia lhe contou sobre o assassinato que Roberta cometeu. Fendrue ainda ficará um tempo em Munksund após a chegada de Wiolle para resolver assuntos da Fábrica de Móveis e depois partirá para a Inglaterra pois saberá que uma nova sociedade foi fundada por Roberta e que terá que seguir os rastros dela para encontrá-la.

Então quando Roberta chegar a narração começará com a primeira pessoa.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012


Thursday, september 27, 2012

a grandeza de Dostoiévski


"Sua fisionomia lembra a de um camponês. As faces fundas, cor de terra, quase sujas, são pregueadas e enrugadas por um longo sofrimento. A pele ressecada, descolorada, privada de sangue por vinte anos de doença. De um lado e de outro dois blocos de pedra salientes: as maçãs eslavas contornam a boca dura; o queixo de traços muito firmes coberto por uma barba emaranhada. A terra, as rochas, a floresta, uma paisagem primitiva e trágica, tal nos parece o rosto de Dostoiévski. Tudo é sombrio, perto do solo sem beleza desta face de camponês, quase de mendigo: achatada, sem vida, sem cor, uma parcela da planície russa projetada sobre a pedra. Mesmo os olhos, encovados na sua órbita, não conseguem iluminar essa argila fria, porque a sua flama não se irradia para o exterior, para nos iluminar e cegar. Olham, por assim dizer, para o interior, queimam o sangue com o seu olhar penetrante. Desde que se fecham, a morte paira sobre esta fisionomia; à tensão nervosa que mantinha os seus traços suaves sucede uma letargia.
Nossa sensibilidade faz-nos a princípio recuar diante desse rosto como nos faz recuar diante da obra; mas eis a admiração que se apodera de nós timidamente, a princípio, depois com paixão, com entusiasmo crescente. Porque não é o que há de carnal, de baixamente humano, no seu rosto que projeta a luz sobre esse luto primitivo, ao mesmo tempo sinistro e sublime. Tal uma cúpula de brancura resplandecente, a fronte poderosa e abaulada eleva-se acima dessa face estreita de camponês.
Toda a luz aflui para o alto dessa fisionomia: quando se olha o seu retrato não se vê senão a fronte larga, poderosa, majestosa, cujo esplendor e cuja amplidão parecem aumentar à medida que o rosto vai sendo consumido pela idade, a moléstia e os desgostos. Alto como o céu, inabalável, domina esse corpo caduco, a auréola espiritual sobre a miséria física. Em nenhuma parte desse santuário de espírito vitorioso resplandece melhor do que no retrato representando Dostoiévski sobre o seu leito de morte, onde suas pálpebras estão caídas sobre os olhos apagados, onde suas mãos descoloradas apertam firmemente, avidamente o Crucifixo (esse pequeno Crucifixo de madeira que uma camponesa deu, outrora, ao forçado). Aí essa fronte, tal como a aurora sobre uma paisagem noturna, ilumina esse rosto inanimado em todo o seu esplendor, proclama a mesma mensagem que a sua obra inteira: o espírito e a fé o liberaram da vida corporal, melancólica e inferior. É no fim de tudo que está a grandeza de Dostoíévski: em nenhum outro momento seu rosto foi mais expressivo que na morte".
Stefan Zweig,
Dostoiévski

sábado, 22 de setembro de 2012

Uma homenagem a Rose


 

Seres humanos são como plantas,necessitam de agua ,luz espaço,harmonia.Uma semente de amor dentro do ser pode fazer milagres.         Melissa L.

 

Mais uma vez as nuvens lembram-me o lago inatingível,suas águas e as gotas reluzentes parecendo pequenos cristais ao brincarmos em suas águas.Eu e Quithu…Será que o destino esta conspirando contra mim? Ontem experimentei a sensação de inebriante satisfação ao suspeitar que mamãe me deixaria muito cedo, as cinco da manhã, horário que desperto, ao vê-la também desperta acreditei que estava a alguns passos de ir a igreja, a decepção chegara em seguida quando pediu minha ajuda para iniciar um assado para a sexta feira que seria a visita do padre.

Cancelei meu trabalho na ordenha e fiquei a ouvir toda a manhã seus sermões e lamurias, com atenção afinal de contas surgem algumas perguntas, e o esperar de uma opinião, mesmo que interrompida ao som de uma primeira palavra minha. Depois de passado este momento de enfadonha convivência auxilio Jonh a alimentar os animais, rego todas as plantas ao redor da casa e ao chegar da tardezinha enquanto laboriosamente dobro as roupas secas recolhidas no dia anterior, o suor escorre me sobre o colo em gotas salgadas e densas, não sobrou me tempo de sequer ajeita-las,tento em mente ainda imaginar em vão uma maneira de escapar de mamãe para nadar nestes dias tão quentes.O que acontecera raras duas vezes.

Sinto falta da india, ela preenche espaços vazios dentro de meu coração tão machucado por coisas sem importância que me ferem tanto, talvez as mais sutis formas de maldade sejam as que mais desgastam os sentimentos de uma pessoa,esqueço me muitas ocasiões que tenho de contar apenas comigo,o final do dia chega e a estas horas sinto a necessidade dormir ao menos duas horas,por despertar me muito cedo.

Fomos a um sarau neste fim de semana e os acordes das musicas fazem parte da minha mente neste momento, deito me em minha cama, o sol dentro da vermelhidão de seu fim, o cansaço de mais um dia imperceptível dentro de minha essência, as pessoas mal educadas, carrancudas,destilando venenos por toda parte,não tive tempo para ver as crianças e existem dias que vemos tudo escuro e adverso a alegria, não existe cumplicidade, irmandade, amor incondicional, apenas a burguesia, a escória. Nas crianças eu vejo a alegria e interiormente sempre estou certa de que gostam de mim, me amam incondicionalmente, mas sei que jamais sairão de meu ventre, fui condenada ao nascer a pagar um preço por viver, por respirar, por sentir o natural fluir em meu espírito da Grande Mãe Natureza.

O sono me surpreende, em meio as brumas de meu inconsciente vejo um homem velho que  transformasse ao aproximar, seu semblante agora jovial me sorri, ele me beija muito devagar que por instantes posso sentir seus lábios fisicamente, é um ser tão sutil, mágico e especial,que lágrimas rolam por meu rosto e a música não cessa ao contrário tornasse mais perfeita. Estamos em uma sala tão iluminada feita de cristais em um recanto de minha personalidade que estava esquecido, que fora massacrada por fatos inexistentes e que me preocupavam em demasia, tomando me o próprio sangue. Visitas constantes ao médico de nossa família, idas e vindas do confessionário, e este homem diante a mim, sem dizer nenhuma palavra, observa, parecendo um anjo, transmitindo apenas sua luz, sua tranquilidade, sua singela passagem por minha vida.

Por que tudo era tão mais puro antes? Possuía mais força, meu mundo interior constituía-se de barreiras intransponíveis, inatingíveis, apenas a natureza foi concedido espaço, aos pássaros, os animais, as aves de rapina, companheiras, e sempre, sempre o natural instinto de todos eles nos mostrando o exemplo a seguir, de bravura e de amor incondicional inexistente nos seres humanos.

Deixo este ser e continuo em meu caminho claro e límpido, em meu sono,precioso sono,curto,sofrido e tão precioso ao restabelecer de meu ser.Quando passo todo o dia em claro,fico sensível demais,perco minhas defesas e por qualquer palavra rude meus olhos lacrimejam,meu coração aperta e perco as estribeiras,quando me deito não consigo ler,o cansaço toma proporções que não sei administrar.Jonh por vezes olha me com o canto dos olhos em meio ao trabalho duro com o carregamento,a ordenha,a fabricação do queijo e do pão e admirasse.Meu dia foi um dos piores,fui consumida pela derrota de ser um ser humano aprisionado,as conversas de minha mãe feriam meus ouvidos.Comentários sobre a vida alheia,julgando ,sentenciando.A completa certeza nas palavras,seu olhar vil quando observava perfeição em minhas tarefas e total repreensão em qualquer deslize. Um tapa em minha cabeça porque deixara cair um pedaço de carne no chão e o silencio. Nada disse, nada direi, jamais.

   Mas me houvera dado o melhor de todos os dons o de contemplar minha própria beleza e essência, uma mulher que não ama a si mesma não merece amor de ninguém sequer de Deus.Tranco as portas do quarto e madrugada a dentro principalmente em noites quentes como as que fazem nestes dias ,nua em meu quarto,observo cada volta linha e expressão corporal de minha pele inerte,virgem intocada.Um rossar das mãos em meio a labuta diária,um olhar ardente, azul como o céu, claro como as nuvens, a corar me a face, e nada mais, um corpo jovem, vital, pulsante ,sem utilidade,sem porque…Meus seios,tão brancos ,tão volumosos,desperta olhares furiosos dos homens que trabalham com meu pai, e qualquer desejo de aproximação por eles, foi pago com o afastamento da fazenda, foram avisados afinal que sou uma mulher infectada, que devem manter a distancia e o medo. Minhas pernas, delgadas, torneadas, também brancas chegando a transparência e a exposição de minhas veias, a magreza, deixa a mostra as costelas, tenho medo de ser pega por eles, me veem como uma louca,e com uma visão dessas me internariam em um hospício.

   O ciúmes de meu pai vem de uma razão misteriosa que desconheço, algo esta oculto em seu espírito, vejo no modo como me trata, com repulsa, jamais me toca, jamais se aproxima, me vê como um objeto a mais na casa.

Quantas paginas mais…até não restar mais o soletrar de qualquer letra em meus diários, escondidos, empoeirados, inexistentes por muito tempo.

Periodo Contemporâneo


 
Segue um pequeno trecho do Livro Armas em Punho e rosas pelo chão, para apreciação
 
 
 
 
 
 
 
Quando entrei no trem comecei a reparar em tudo, por ser minha primeira viagem aqui em Nova York, rumo a esta metrópole, o trem de subúrbio, a cada minuto adentrava uma pessoa diferente. Até chegar a uma estação uma das vinte que esperaria até chegar ao destino, entrou um homem, aquele que seguia, aquele que procurava a tanto tempo, eu e Shepard, que logo fez um sinal afirmativo de que era ele, não é um homem é um rapaz, não consigo identificar sua idade, um cara muito estranho, altura mediana, magro, cabelos ruivos e compridos, os olhos fundos e tristes, mas de um semblante muito bonito.

Logo neste primeiro instante me chamou a atenção, inconscientemente ele percebeu e olhou pra mim, e fiz o mesmo, ficamos alguns segundos a nos observar. Surpresa, percebi que nunca sentira algo assim antes, dou um suspiro, e uma vida inteira se passa diante a mim e a ele. De repente o trem para em uma estação escura e deserta e quando estava prestes a fechar as portas ele pega com força em minha mão e me tira sem nada me dizer do trem, e o mais impressionante de toda esta história é que me deixei ir, e ouvi uma voz dentro de meu ser dizendo que fosse com ele.

Imediatamente Shepard, meu secretário que estava comigo levanta e grita pela janela desesperado, mas infelizmente ou felizmente eu não o escuto por causa do ruído ensurdecedor do trem.

Olho mais uma vez em seus olhos de um azul glacial e dou um sorriso, e ele começou a dar uma gargalhada:

_Sou um cara realmente louco, há há há.

           Não digo nada e apenas o observo. Nós nos beijamos pelo impulso do amor inesperado e que chega em horas que a gente não espera.      Esta muito frio, talvez por estarmos no outono, e não há luz alguma, apenas um vazio de concreto a nossa volta e a luz da lua iluminando. Começamos a seguir a linha do trem, involuntariamente meus dentes começaram a bater com o frio, ele tirou sua jaqueta de couro e me esquentou, à séculos não me sentia tão bem e completa.