sexta-feira, 28 de junho de 2013

“_Roberta, agora chegou sua vez irmã”:
            Fendrue me observa e o frio sobe em meu ventre, não esperava chegar minha vez tão depressa e deixo fluir as palavras e os sentimentos destas:
_Olhei para a lua esta noite e pensei que este era o dia de iniciarmos, tornar eterno a essência de nós mesmos e nossas existências.
Presencio um distanciamento deste tempo e asas aladas me levam a uma dimensão muito distante deste país, pessoas diferentes de outro tempo e uma série de intrigas e questões rodeando toda minha mente e espírito. Um homem claro, um homem, Fendrue em sua sublime e plena característica física,  lutando por um ideal como a séculos esta a fazer, em encarnações passadas e uma encarnação futura. Vejo que estarei  ao seu lado, estou ao seu lado, poderei abraça-lo em um tempo que desconheço. Ele esta a tocar um instrumento, em seus olhos existe o amor e o desespero de se encontrar um de nós que esta perdido, de seu coração esta sendo expresso um desespero, um completo vazio.
Desconheço quem possa ser esta pessoa que procura, é um ambiente com luzes e cores azuis, vermelhas, pessoas com vestimentas estranhas, cantos, vozes e um odor horrível, a minha volta. Posso perceber que não esta feliz mesmo estando ao meu lado. Fendrue em qualquer lugar ou tempo que estiver sempre estarei por perto à acompanha-lo, mesmo que não possa ter-lo, sua própria essência é uma enfermidade em meu espírito.
Abro meus olhos e tenho o sentimento de que se passaram séculos diante a mim, a chama da vela esta a arder e todos me observam em silêncio:
_Desculpem, adentrei um recanto obscuro e distante de minha mente. Uno com este ciclo lunar divino, o ciclo das marés, a violência e a força de suas águas a baterem de encontro as rochas. A brisa, a neblina sobre as montanhas, uno com o espírito e nossos sentimentos materializados e concretizados esta noite. Desabrochando ao alento de nossas almas, suplico ao natural para adentra-lo, por tornar-nos um único espírito onipresente com Deus e seus Mestres.
Observem a chama da vela sobre a mesa, esta chama que esta a arder testemunha que cinco homens, seis pessoas iniciam um ciclo ininterrupto em suas vidas. Imaginando o luar em seu branco metálico, a força da maré que esta tão próxima. Continuo a imaginar o quanto seria uma satisfação aos deuses que todos os senhores que estão aqui pudessem fazer uma homenagem aos deuses, nus na praia , em ritual. Artisticamente é tão maravilhoso sequer pensar neste instante, a demonstração da arte através de um rito, Wolles, Demi, Harber, Fendrue , Frederick, e eu. Manifestando nossos corpos com as energias da natureza, em pulsação única em vibração continua e circular com a natureza mutável e pulsante. Vamos nos dar as mãos... - a mesa redonda, Fendrue e Frederick estão diante a mim, e seguro as mãos de Demitre e Wolles, a chama da lareira se aviva com o toque de nossas mãos, alguma presença adentra esta sala, um fluido, uma forma presente quer se manifestar, olhar firmemente em meus olhos, e trazer-me respostas, e o prazer de sua divindade disfarçado na forma de um elfo, de um centauro talvez. Pã com sua flauta, ainda desconheço...Algo, um ser, quer nos dizer que esta aqui- Ao sentirmos o toque nas mãos, nos conscientizamos da força pessoal e divina deste instante, algo muito importante esta sendo demarcado neste instante no cosmos, que somos uma sociedade e esta perdurará por séculos além desta organização humana cercada por forças involutivas. Podemos soltar as mãos agora, quero apenas demonstrar o que seis pessoas fazem juntas na mesma intenção, no mesmo pulsar em harmonia por sermos uma irmandade, que podemos contar uns com os outros. Não queria alongar meus pensamentos –dou um sorriso e eles também - mas trouxe um escrito, um poema que escrevi de próprio punho e minha alma me diz ser necessário expor para que ingresse neste caminho com flores, pois se amamos, o amor voltará para nós em energia circular e neste momento amo e meu amor esta a circular a todos vocês. As ondas em constante movimento e transformação de nossos corações, cada infema parte de ódio que dele sai, voltando ao mesmo lugar de sua origem, assim todo impulso de amor é constante quando se ama e contempla.
            Fendrue interrompe sem bater o martelo:
_Cada palavra sua dita neste momento Roberta é um poema para meu ser em particular, não é preciso recitar um poema sacerdotisa, sua manifestação, sua voz, sua presença se trata de um eterno idílio.

     

o Amor de uma mãe é eterno............


Carta a minha mãe

Quis visitar-te o anônimo jazigo
Em que a humildade em paz se nos revela,
Contemplo a cruz, antiga sentinela
Erguida ao lado de um cipreste amigo.

Busco a memória e vejo-te comigo;
Estamos sob o verde de aquarela,
Teu sorriso na túnica singela
É a luz brilhante neste doce abrigo.

Recordo o ouro, Mãe, que não quiseste,
Subindo para os sóis do Lar Celeste
Para ensinar as trilhas da ascensão...

Venho falar-te, em prece enternecida
Do amor imenso que me deste à vida,
Nas saudades sem fim do coração.

Auta de Souza