“_Roberta, agora chegou sua vez irmã”:
Fendrue
me observa e o frio sobe em meu ventre, não esperava chegar minha vez tão
depressa e deixo fluir as palavras e os sentimentos destas:
_Olhei para a lua esta noite e pensei
que este era o dia de iniciarmos, tornar eterno a essência de nós mesmos e
nossas existências.
Presencio um
distanciamento deste tempo e asas aladas me levam a uma dimensão muito distante
deste país, pessoas diferentes de outro tempo e uma série de intrigas e
questões rodeando toda minha mente e espírito. Um homem claro, um homem,
Fendrue em sua sublime e plena característica física, lutando por um ideal como a séculos esta a
fazer, em encarnações passadas e uma encarnação futura. Vejo que estarei ao seu lado, estou ao seu lado, poderei
abraça-lo em um tempo que desconheço. Ele esta a tocar um instrumento, em seus
olhos existe o amor e o desespero de se encontrar um de nós que esta perdido,
de seu coração esta sendo expresso um desespero, um completo vazio.
Desconheço quem possa
ser esta pessoa que procura, é um ambiente com luzes e cores azuis, vermelhas,
pessoas com vestimentas estranhas, cantos, vozes e um odor horrível, a minha
volta. Posso perceber que não esta feliz mesmo estando ao meu lado. Fendrue em
qualquer lugar ou tempo que estiver sempre estarei por perto à acompanha-lo,
mesmo que não possa ter-lo, sua própria essência é uma enfermidade em meu
espírito.
Abro meus olhos e
tenho o sentimento de que se passaram séculos diante a mim, a chama da vela
esta a arder e todos me observam em silêncio:
_Desculpem, adentrei um recanto
obscuro e distante de minha mente. Uno com este ciclo lunar divino, o ciclo das
marés, a violência e a força de suas águas a baterem de encontro as rochas. A
brisa, a neblina sobre as montanhas, uno com o espírito e nossos sentimentos
materializados e concretizados esta noite. Desabrochando ao alento de nossas
almas, suplico ao natural para adentra-lo, por tornar-nos um único espírito onipresente
com Deus e seus Mestres.
Observem a chama da
vela sobre a mesa, esta chama que esta a arder testemunha que cinco homens,
seis pessoas iniciam um ciclo ininterrupto em suas vidas. Imaginando o luar em
seu branco metálico, a força da maré que esta tão próxima. Continuo a imaginar
o quanto seria uma satisfação aos deuses que todos os senhores que estão aqui
pudessem fazer uma homenagem aos deuses, nus na praia , em ritual.
Artisticamente é tão maravilhoso sequer pensar neste instante, a demonstração da
arte através de um rito, Wolles, Demi, Harber, Fendrue , Frederick, e eu.
Manifestando nossos corpos com as energias da natureza, em pulsação única em
vibração continua e circular com a natureza mutável e pulsante. Vamos nos dar
as mãos... - a mesa redonda, Fendrue e Frederick estão diante a mim, e seguro
as mãos de Demitre e Wolles, a chama da lareira se aviva com o toque de nossas
mãos, alguma presença adentra esta sala, um fluido, uma forma presente quer se
manifestar, olhar firmemente em meus olhos, e trazer-me respostas, e o prazer
de sua divindade disfarçado na forma de um elfo, de um centauro talvez. Pã com
sua flauta, ainda desconheço...Algo, um ser, quer nos dizer que esta aqui- Ao
sentirmos o toque nas mãos, nos conscientizamos da força pessoal e divina deste
instante, algo muito importante esta sendo demarcado neste instante no cosmos,
que somos uma sociedade e esta perdurará por séculos além desta organização
humana cercada por forças involutivas. Podemos soltar as mãos agora, quero
apenas demonstrar o que seis pessoas fazem juntas na mesma intenção, no mesmo
pulsar em harmonia por sermos uma irmandade, que podemos contar uns com os
outros. Não queria alongar meus pensamentos –dou um sorriso e eles também - mas
trouxe um escrito, um poema que escrevi de próprio punho e minha alma me diz
ser necessário expor para que ingresse neste caminho com flores, pois se
amamos, o amor voltará para nós em energia circular e neste momento amo e meu
amor esta a circular a todos vocês. As ondas em constante movimento e
transformação de nossos corações, cada infema parte de ódio que dele sai,
voltando ao mesmo lugar de sua origem, assim todo impulso de amor é constante
quando se ama e contempla.
Fendrue
interrompe sem bater o martelo:
_Cada palavra sua dita neste momento
Roberta é um poema para meu ser em particular, não é preciso recitar um poema
sacerdotisa, sua manifestação, sua voz, sua presença se trata de um eterno
idílio.
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